Sempre me perguntam se precisa mesmo investigar anemia no paciente com mais de 65 anos e existem diversas causas que podem ser tratadas, melhorando assim a qualidade de vida.
A anemia contribui para a limitação às atividades normais, além de aumentar o risco de complicações e quedas. Meu último artigo sobre o tema há 3 anos, incluia um artigo que tentava normalizar valores mais baixos para idosos com mais de 80 anos.
Como o paciente apresenta várias doenças (conhecido também como comorbidade) muitas vezes pensamos que pode ser anemia de doença crônica.
Nós não paramos de brincar porque envelhecemos. Nós envelhecemos porque paramos de brincar.
Bernard Shaw
A padronização da investigação deve incluir as pessoas que estão em risco de ter anemia
As principais causas são a baixa ingestão alimentar, sangramentos ocultos (principalmente nos pacientes que usam antiagregantes plaquetários como aspirina e clopidogrel), uso de múltiplas medicações – algumas delas realmente podem ter como efeito colateral anemia, leucopenia ou plaquetopenia – por isso antes de falar que a anemia é normal leia a bula.
Especialmente nos pacientes que apresentam sinais de alerta como perda de peso, sangramentos, dores ósseas, vale a pena ir mais a fundo na investigação.
Sabemos que o paciente que tem lesão renal tem uma diminuição da produção de eritropoietina, assim como o paciente com insuficiência cardíaca têm uma menor absorção do ferro.
– Está bem, já entendi que temos que olhar – mas quais exames devo estar atento?
Começamos avaliando o hemograma e a resposta medular com o reticulócitos. A seguir olhamos as vitaminas – perfil de ferro, dosagem das vitaminas do complexo B, cobre e zinco, a função renal, eritropoietina e os hormônios. Se houver suspeita de destruição das células fazemos provas de hemólise.
Já tive casos de descobrir deficiência de G6PD ou talassemia nessa idade, pois o paciente foi encaminhado a hematologia porque a anemia piorou com algumas medicações.
Caso haja suspeita de mielodisplasia é imperativo que seja feita a medula óssea: quando a gente sabe o que está acontecendo podemos escolher a melhor alternativa de tratamento.
Se conhece algum idoso é importante estar atento aos exames.
Referências:
- Jansen, Transfusion and Apheresis Science 2019
- Ershler, Clin Geriat med 2019
- Harris, Jama, 2023
Dra. Fernanda de Oliveira Santos 