Leucemia Mieloide Crônica – manejo com outras doenças

O beneficio clínico do tratamento da leucemia mieloide crônica com inibidor de tirosino quinase é inquestionável. Inventados no final da década de 90 revolucionaram o tratamento da doença, que era apenas controle celular e transplante de medula óssea;

A leucemia mieloide crônica passou de uma doença que precisava ter sorte de ter um doador aparentado ou você ia evoluir para uma leucemia aguda em alguns anos.

Com essa medicação muitos pacientes encontraram a cura. A doença ficou crônica e conforme o tempo foi passando percebemos que em casos selecionados era possível suspender a medicação.

Hoje no Brasil temos 4 tipos de medicamentos disponíveis: imatinibe, dasatinibe, nilotinibe e ponatinibe.

Quando o paciente comece o tratamento temos esperança de ser por 5 anos, mas tem casos que irão utilizar para a vida a toda. Conforme o paciente vai envelhecendo podem surgir comorbidades – ou seja outras doenças – que podem limitar ou requerer maior atenção do médico.

Caso o paciente ja apresente uma doença antes de iniciar o ideal é que possamos escolher aquele medicamento com menor risco.

Pensando nisso em novembro de 2020 saiu um artigo com sugestões de medicação conforme a comorbidade:

Diabetes – prefira Imatinib, dasatinib – evite Nilotinib

Doença pulmonar – prefira Imatinib, nilotinib – evite Dasatinib

Problemas Gastrointestinais – prefira Nilotinib, dasatinib – evite Imatinib

Doença Cardiovascular – prefira Imatinib – evite Nilotinib, dasatinib

Doença arterial perférica – prefira Imatinib, (dasatinib?) – evite Nilotinib

Doença hepática – prefira Imatinib, dasatinib (nilotinib?) – evite Bosutinib (não disponivel no Brasil)

Doença renal – prefira Nilotinib, dasatinib – evite Imatinib

Uma coisa muito importante é ter acompanhamento e monitoramento cardiovascular com controle da pressão, do colesterol e de glicemia e evitando outros fatores de risco como sedentarismo, tabagismo e obesidade.

Você pode ter notado a falta do ponatinib nesta relação de preferencia de uso – isso porque é uma terapia de resgate e está indicado em:

  • Leucemia mieloide crônica (LMC) de fase crônica (LMC-FC), de fase acelerada (LMC – FA) ou de fase blástica (LMC – FB) que são resistentes ao dasatinibe ou nilotinibe; que são intolerantes ao dasatinibe ou nilotinibe e para os quais o tratamento subsequente com imatinibe não é clinicamente apropriado; ou que têm a mutação T315I.

E em medicina sempre pesamos o risco x beneficio do medicamento – então independente da comorbidade devemos monitorar efeitos cardiovasculares e fazer ajustes de doses quando necessário.

E naqueles pacientes que tem múltiplas comorbidades devemos nos adaptar e monitorar mais frequente.

A Leucemia Mieloide Cronica é o melhro exemplo de evolução do tratamento e adaptação dentro da hematologia.

Photo by Ravi Patel on Unsplash

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